Campanha “Obrigado Paulistanos” traz depoimentos de imigrantes que tiveram que fugir da Europa para sobreviver e puderam reconstruir suas vidas em São Paulo. Ação conta com exposições nos shoppings Vila Olímpia e Cidade São Paulo e homenagem na Câmara Municipal de São Paulo
Imagina você ser obrigado a sair de seu país, apenas por ser judeu, para garantir sua sobrevivência, chegar em uma cidade totalmente desconhecida, com um idioma muito diferente do seu, sem conhecer ninguém e precisando recomeçar e reconstruir uma nova vida. Tudo isso em uma época em que não existia celular ou qualquer outra tecnologia mais moderna que pudesse facilitar a comunicação com familiares, amigos ou alguém que pudesse auxiliar nessa fase de transição.
Em meados dos anos 1940 e 1950, foi o que a húngara Marika Gidali, a polonesa Ala Szerman e os romenos Joshua Strul e George Legmann, e mais três centenas de sobreviventes do Holocausto, todos judeus, se viram obrigados a fazer. Ameaçados de morte em seus países, foram forçados a recomeçar em um país diferente e encontraram uma cidade de São Paulo totalmente de braços abertos e acolhedora, sem preconceitos e tolerante, onde, ao longo desses mais de 70 anos, reconstruíram suas vidas, fixaram residência, constituíram família e puderam iniciar uma nova fase, deixando para trás todo sofrimento, violência e ameaças a que estavam habituados.
Hoje, mais de sete décadas depois, esses quatro sobreviventes, representando a comunidade judaica, sentem-se orgulhosos em agradecer à população de São Paulo na campanha “Obrigado Paulistanos”, que aproveita duas datas muito simbólicas para relembrar tal ocasião: o aniversário da cidade de São Paulo, em 25 de janeiro, e o Dia Mundial em Lembrança das Vítimas do Holocausto, em 27 de janeiro. O cineasta e escritor Marcio Pitliuk, curador do Memorial do Holocausto de São Paulo, educador do Stand With Us, e representante da Federação Israelita do Estado de São Paulo, é o idealizador da campanha, que representou com muita sensibilidade o agradecimento desses sobreviventes ao povo da capital.
A campanha tem cinco filmes de 30 segundos para TV e Internet, além de cinco anúncios para mídias impressa e online, onde os participantes contam como suas vidas mudaram radicalmente após a chegada em São Paulo e como a cidade foi importante na reconstrução de suas vidas. “Essas pessoas se consideram brasileiros, paulistanos de coração. Ficaram muito felizes com a oportunidade de contar suas histórias e de agradecer a cidade que os abraçou, os acolheu tão bem, há 70 anos.”, conta Pitliuk sobre a reação dos sobreviventes ao receberem o convite para participarem da campanha. “Eles perderam tudo que tinham e vieram parar em São Paulo totalmente sem nada. Não tinham dinheiro, sem idioma fluente, nem mesmo recordações de família como fotos, destruídas pelos nazistas”, acrescenta Pitliuk, sobre as dificuldades enfrentadas por eles.
Os quatro sobreviventes fazem parte da exposição “A Cara de São Paulo-2023” , que traz fotografias de personalidades que representam bem a cidade, e acontece no Shopping Cidade São Paulo, de 26 de janeiro a 15 de fevereiro. O público interessado em saber mais sobre o assunto também poderá conferir exposição no Shopping Vila Olímpia, com fotos dos sobreviventes. A campanha prevê ainda uma homenagem, que será realizada em 27 de fevereiro, na Câmara Municipal de São Paulo, e irá conceder um certificado aos sobreviventes em reconhecimento à sua história vivida no período do Holocausto e por todo trabalho prestado à cidade de São Paulo.
“A proposta da campanha é também trazer uma importante mensagem para os dias de hoje, ressaltando a importância do respeito à opinião do outro e passando a mensagem de pacificação e de combate à intolerância, conceitos que nunca poderão ser esquecidos.”, finaliza Pitliuk.