Maio é o mês mundialmente dedicado a alerta e conscientização de Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs), que podem se iniciar com uma dor abdominal persistente e levar a hospitalizações recorrentes e incapacidade funcional.
Ainda sem causa comprovada, as DII podem estar ligadas a fatores hereditários e imunológicos, sendo possível serem agravadas pelo estilo de vida, como alimentação rica em gordura e produtos industrializados e tabagismo.
Doença de Crohn (DC) e Retocolite Ulcerativa Crônica (RCU) são as duas DIIs, que afetam homens e mulheres indistintamente, principalmente adolescentes e adultos jovens (entre 20 e 40 anos, aproximadamente). São de difícil diagnóstico e podem levar a hospitalizações frequentes e a necessidade de cirurgias, tendo grande impacto na vida social, laboral e emocional dos pacientes. Os principais sintomas são a dor abdominal, que pode vir associada à diarreia frequente e persistente, urgência para evacuar e, em alguns casos, com sangue e muco nas fezes. Outros sintomas, em geral associados a casos mais graves, são: febre, anemia e perda de peso.
“Para o melhor curso da doença, é fundamental que,na presença de sintomas, o paciente seja encaminhado ao especialista, afirma a médica coloproctologista Gilmara Pandolfo Zabot, doutora em Clínica Cirúrgica pela PUC-RS e coordenadora regional do GEDIIB(*): “O exame clínico e o levantamento da história do paciente, assim como alguns exames de sangue, são instrumentos importantes para o diagnóstico das DIIs. Quanto mais precoce o diagnóstico correto, melhores serão os resultados do tratamento. As DIIs não têm cura, mas podem ser controladas”.
Ambas doenças apresentam sintomas semelhantes, entretanto, enquanto a RCU provoca inflamação e úlceras no revestimento do cólon ou no intestino grosso, a DC pode acometer todo o tubo digestivo, desde a boca até o ânus: em 30% dos pacientes acomete o intestino delgado (íleo) e, em 40%, a região ileocecal, que fica na transição entre os intestinos delgado e grosso.
“O tratamento é instituído de acordo com a fase de evolução da doença, que pode ser classificada em leve, moderada e grave, com a extensão e localização – que pode incluir medicamentos biológicos e, nos casos mais avançados, reparação cirúrgica. A maioria dos doentes, quando entra em remissão, leva uma vida praticamente normal, porém deve adotar hábitos saudáveis, como a prática de atividade física frequente, controle de peso, não fumar, seguir uma dieta equilibrada, entre outras medidas, além, é claro, de manter o tratamento instituído”, afirma dra. Gilmara.
Desconhecimento – Pesquisa DATAFOLHA (patrocinada pela farmacêutica AbbVie), de abril de 2017, sobre “Hábitos de Saúde do Brasileiro – Conhecimento sobre Doenças Intestinais”, indicou que aproximadamente dois terços dos brasileiros (equivalentes a aproximadamente 101 milhões de pessoas) associam a dor de barriga ou diarreia a uma simples virose e, em segundo lugar, a “vermes” (equivalentes a 85 milhões de pessoas). Poucos associam a dor de barriga frequente e persistente a doenças mais sérias, como câncer (6 por cento), Doença de Chron e Retocolite Ulcerativa (ambas mencionadas por 3 por cento dos entrevistados cada, equivalentes a somente aproximadamente 5 milhões de pessoas). Para tratá-las, a maioria das pessoas se automedica, principalmente com remédios caseiros.
Para a pesquisa, o Instituto DATAFOLHA entrevistou, nesse período, 2.065 pessoas, distribuídas em 130 municípios brasileiros, sendo homens (48 por cento) e mulheres (51 por cento) acima de 16 anos de idade.
Para mais informações, acesse gediib.org.br (*Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal do Brasil) e abcd.org.br (Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn).