Conteúdos verdadeiros, como fotos e vídeos, são modificados para parecer realistas.
A partir do dia 16 de agosto, começam as propagandas eleitorais, logo após o prazo para o registro de candidaturas. Esse é o momento em que todos os candidatos iniciam suas campanhas em condições iguais. No entanto, com a divulgação das candidaturas, surge uma preocupação crescente: as deep fakes.
Deep Fake é uma tecnologia que permite alterar vídeos ou fotos com a ajuda de inteligência artificial (IA). Com ela, é possível realizar manipulações visuais, como substituir o rosto de uma atriz em um filme pelo de outra pessoa. Da mesma forma, imagens podem ser facilmente manipuladas, criando representações falsas, mas extremamente convincentes da realidade.
Dentro do contexto das eleições municipais que se aproximam, os eleitores devem tomar alguns cuidados essenciais ao consumir conteúdos de vídeo e áudio durante o período eleitoral. A tecnologia de deepfake, permite uma manipulação sofisticada que pode dificultar a distinção entre o real e o falso, especialmente para aqueles que não têm conhecimento técnico.
“Dependendo do nível de sofisticação, pode ser bem difícil para uma pessoa leiga distinguir a simulação da pessoa verdadeira. Acho que as autoridades eleitorais vão ter uma missão bem complicada para lidar com isso nas próximas eleições,” alerta Raul Colcher, Membro Sênior Vitalício do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), em entrevista ao EXTRA.
Colcher conta que especialistas em inteligência artificial utilizam uma combinação sofisticada de ferramentas tecnológicas para realizar a tarefa de identificar um conteúdo manipulado. Eles rastreiam e monitoram tópicos relevantes, empregando algoritmos de “machine learning” para detectar padrões comuns em notícias falsas, como manchetes sensacionalistas. Esses especialistas também comparam as informações coletadas com bases de dados de fontes confiáveis e serviços de verificação de fatos. Quais as técnicas mais eficazes para detectar uma deepfake e outros tipos de manipulação digital?
De acordo com Raul Colcher, durante o período eleitoral, é essencial que os eleitores estejam atentos para se proteger contra os golpes e a desinformação. Quando se trata de golpes direcionados a uma pessoa específica, a melhor forma de identificar a fraude é questionar a pessoa sobre informações que só um conhecido ou parente verdadeiro teria. No contexto eleitoral, onde figuras públicas podem ser falsamente retratadas dizendo ou fazendo algo, a identificação por parte de leigos é mais complicada.
“É fundamental desconfiar e ficar atento a desmentidos ou providências das autoridades,” alerta Colcher.
Confira cinco dicas de como identificar deepfake:
— Movimentos faciais: Verifique a naturalidade das expressões e sincronização dos lábios.
— Iluminação e sombras: Cheque se são consistentes com o ambiente.
— Qualidade da imagem: Procure por borrões e distorções ao redor do rosto.
— Sincronização áudio-vídeo: Observe se a fala coincide perfeitamente com os movimentos dos lábios.
— Ferramentas de detecção: Use softwares especializados para verificar a autenticidade.
Embora em muitos cenários a IA esteja trabalhando para o “lado oposto”, ela também pode ser usada para combater o uso de má-fé da tecnologia. Ataques cibernéticos, fraudes, desinformação e a exposição de dados sensíveis podem ser identificados e evitados pela Inteligência artificial.
Colcher compartilha também que a nova tecnologia permite análises de tendências através das redes sociais, criação automática de conteúdos publicitários como textos, imagens e vídeos, além da interpretação de dados estatísticos para estratégias políticas direcionadas à segmentação do eleitorado.