Especialista explica riscos de proteção fraca na internet, que podem até associar nome a crimes mais graves
“As pessoas têm medo de esquecer as senhas. Então escolhem algo fácil de lembrar, como nome, data de nascimento ou telefone. Isso vira um padrão pessoal — e o problema é que padrões são fáceis de descobrir”, afirma Márcio. Com a capacidade dos computadores modernos, associados ainda aos novos sistemas de inteligência artificial, achar esses padrões é questão de tempo para um hacker.
Além de senhas fracas, outro erro recorrente é repetir a mesma senha em diversos serviços. “Se um hacker descobre essa senha, ele pode acessar todos os seus perfis, inclusive redes sociais e contas bancárias”, alerta.
A recomendação básica é criar senhas com mais de 12 caracteres, misturando letras maiúsculas e minúsculas, números e símbolos. E, para facilitar a vida sem comprometer a segurança, o uso de gerenciadores de senha é uma boa opção. “Esses gerenciadores criam senhas fortes automaticamente e sincronizam entre dispositivos. O importante é proteger bem a senha mestra, que dá acesso ao cofre”, explica. Também é necessário preservar a senha, já que em caso de perda a recuperação pode ser complicada, com sistema de respostas e confirmações de dados.
Outra prática positiva, mas que abre brechas é a autenticação de dois fatores (2FA). O cuidado deve continuar. “A 2FA é essencial, mas não é infalível. Já houve casos de golpe mesmo com ela ativada. O ideal é usar múltiplos fatores, quando possível”, orienta. Associar um número de celular e um e-mail, por exemplo.
Mais do que simplificar uma invasão, esse uso indevido pode abastecer criminosos de informações pessoais futuramente usadas para novos delitos, o principal deles é adotar a identidade e se passar por outro para viabilizar novos golpes ou mesmo usar um desconhecido como laranja para desviar dinheiro ilícito de outros golpes.
Márcio descreve a variação média de tempo que programas específicos usados para descobrir senhas levam para atingir esse objetivo. “Por exemplo, uma sequência de seis caracteres, só com números, pode ser quebrada em questão de segundos. Já uma senha de 12 caracteres alternando número, letras e símbolos pode ficar intacta por alguns anos, mesmo sendo alvo de investidas de força bruta para burlá-la”.
Márcio também comenta o avanço das tecnologias que devem reduzir a dependência de senhas no futuro: “A tendência é a autenticação biométrica – por íris, digitais, até DNA. Mas ainda há resistência e custos altos”.
Enquanto o futuro não chega, o especialista reforça que o segredo é desconfiar sempre. “Recebeu mensagem do banco? Confirme por outro canal. Um telefone oficial, por exemplo, que está na sua fatura, ou no próprio cartão. Nunca clique em links diretos. Hoje a engenharia social é o maior vetor de ataques.”
Principais dicas do especialista:
1. Use senhas com mais de 12 caracteres e misture letras, números e símbolos.
2. Não repita a mesma senha em diferentes serviços.
3. Ative autenticação de dois ou múltiplos fatores sempre que possível.
4. Use gerenciadores de senha confiáveis.
5. Desconfie de ligações, mensagens e e-mails pedindo dados pessoais.
Reprodução: Correio do Povo



