Em evento na Casa Lide, especialistas alertam para a urgência em resolver gargalos que ainda inibem faturamento e lucratividade do setor
São Paulo, maio de 2025. “O Rio de Janeiro é a cidade mais linda do mundo, mas precisa de ajustes para suprir adequadamente o potencial de crescimento que o setor projeta”. A análise de Marcos Arbaitman, presidente do Lide Turismo e do grupo Arbaitman, sintetiza as discussões do painel “As Novas oportunidades geradas no Turismo, na hotelaria e nos eventos no Rio de Janeiro”, que fechou a edição de 26 de maio do Seminário Rio Summit, realizado na Casa Lide, em São Paulo.
Os palestrantes foram unânimes em reconhecer a verdadeira força-tarefa entre governo do estado e prefeitura do Rio de Janeiro para melhorar a infraestrutura e o suporte ao turismo, agraciado pelas belezas naturais e pela relevância econômica e cultural típica de uma das principais cidades do país.
Contudo, fizeram ressalvas de aspectos essenciais para ampliar a capacidade de atração de novos visitantes e a boa impressão deles ao consumir produtos e serviços durante o período de estadia. Ex-secretário de Turismo do estado de São Paulo na gestão de Mário Covas, Marcos Arbaitman adverte para pontos essenciais que ainda não foram resolvidos satisfatoriamente.
“É fundamental ampliar a segurança e a sensação de proteção e cuidado em qualquer ambiente e período do dia”. Para ele, também é um “diferencial competitivo que os funcionários e prestadores de serviço falem mais de um idioma. Que os hotéis sejam ampliados o suficiente para absorver o potencial de crescimento que se vislumbra para os próximos anos e que a mobilidade urbana seja constantemente aprimorada”.
Com pouco mais de seis décadas de atuação no setor na Maringá Turismo, Arbaitman destaca que somente 25% das empresas aéreas internacionais oferecem voos para o Rio de Janeiro. “É preciso incentivar para que mais companhias aéreas tragam turistas ao Rio de Janeiro. Hoje somente 6 de 25 grandes marcas tem atividade regular para cá. Esse potencial fica evidente na mobilização alcançada internacionalmente em eventos como o recente show da cantora Lady Gaga”, explica Arbaitman.
Números oficiais e intervenção da iniciativa privada
A secretaria estadual de Turismo do Rio de Janeiro contabiliza ter recebido quase um milhão de visitantes entre janeiro e abril deste ano e prevê 1,8 milhão de turistas até dezembro. Se confirmado, o valor representaria um aumento de 20% na comparação anual. Atualmente, a Argentina, seguida do Chile, Estados Unidos, Uruguai e França são os países que mais enviam visitantes ao Rio de Janeiro. Sendo os norte-americanos os que mais gastam quando estão hospedados.
“Outra novidade que deve impulsionar esses números é o sistema de Tax Free, que permite o reembolso via cashback de parte dos impostos pagos pelos visitantes ao consumirem no Brasil. O Rio de Janeiro é o primeiro estado do país a ter implementado essa medida e o potencial dela é de dobrar, no médio prazo, o tíquete médio de consumo dos turistas”, projeta Nilo Felix, secretário executivo de Turismo do Rio de Janeiro.
Já o presidente do Sindicato de Hotéis do Rio de Janeiro, Alfredo Lopes, ressalta os pouco mais de R$600 milhões de impacto econômico gerado pelo show da cantora Lady Gaga na praia de Copacabana no começo de maio. “Parte do sucesso e do impacto da apresentação foi possibilitada pela ação cirúrgica das autoridades de segurança. Esse trabalho certamente foi ajudado pelo monitoramento por reconhecimento facial de todo o corredor turístico do Rio de Janeiro. Outra iniciativa implementada com apoio da iniciativa privada”, ressalta Lopes.
O empresário Alexandre Accioly, presidente da ACCIOLY Participações, enaltece a habilidade do Rio de Janeiro em promover eventos e “exportar competência” nesses momentos. Ele chama atenção para a importância de se atrair investimentos para algo novo, seja equipamentos, legados ou atividades permanentes. CEO da Roxy Dinner Show, empreendimento que concilia experiências imersivas de gastronomia, música e dança, cobra que o Rio de Janeiro não se notabilize somente por museus, hotéis e experiências fast food.
“Sem turista, não se faz turismo. E uma boa forma de proporcionar experiências marcantes passa por investir em toda a cadeia de entretenimento. O Rio de Janeiro precisa ampliar a gastronomia de alto padrão, ter mais casas e chefs incluídos no Guia Michelin, por exemplo. Tudo para proporcionar memórias inigualáveis na média de quatro noites que o visitante passa na cidade”, sugere Accioly.
Ele cita os imbróglios judiciais nas obras do Jardim de Alah para cobrar maior envolvimento do Ministério Público desde a concepção de projetos e as primeiras audiências públicas para viabilizá-lo. “Não se pode deixar que a iniciativa capte interessados, recursos e monte o canteiro de obras para somente então interferir e transformar a situação em uma guerra jurídica. No caso do Jardim de Alah, o custo com advogados supera, de longe, o investido com arquitetos”, reclama.
Ciente do cenário, o governador do Rio de Janeiro comemora números recentes do setor, com quantidade de turistas acima das registradas em ano de Copa do Mundo e de Olímpiada na cidade. E adverte para o que orienta a ação dele e de suas equipes de trabalho: “O turismo não pode ser visto como um setor isolado, precisamos fazer muito pelo entorno dele. Pelos serviços agregados, cadeia produtiva, segurança, educação, cultura, gastronomia”, enumera Cláudio Castro. Que completa “A jornada do visitante é o mais importante para ele tomar decisões, avaliar uma estadia e, principalmente recomendar. E isso, sim faz diferença em futuras visitas que ele recomenda”, ensina.